Editorial

Será que agora vai?

Cento e vinte e cinco meses. Três mil, oitocentos e quatro dias. Quase dez anos e meio. Governos de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PL) e, agora, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Este é o caminho percorrido pela duplicação de uma das mais importantes rodovias do País - essencial para o Rio Grande do Sul -, a BR-116, entre Guaíba e Pelotas, desde o dia em que foi assinada a ordem de serviço para o começo da obra, no cada vez mais distante 20 de agosto de 2012. E, ainda assim, a estrada tem apenas 146 quilômetros executados e liberados para tráfego em duas pistas, o equivalente a 69% do total de 211 quilômetros de extensão.

Durante todo esse tempo, a rodovia foi apontada como prioridade de quem ocupava a principal cadeira do Palácio do Planalto. Foi citada incontáveis vezes pelos diferentes ministros dos Transportes ou da Infraestrutura como necessária e foco de investimentos para que fosse concluída o quanto antes. Dilma prometeu entregar a BR-116 ainda dentro de seu governo. Temer disse que iria acelerar a obra. Bolsonaro repetiu, ano após ano, que a entregaria totalmente concluída até o fim de sua gestão. No fim das contas, quem circula pela estrada a passeio ou carregando parcela significativa dos produtos que movimentam a economia gaúcha entre a região metropolitana de Porto Alegre e o Porto de Rio Grande sabe muito bem que tudo não passou de promessa. Oportunidades - ou oportunismos - para gerar expectativa, render fotos e atos políticos. Enquanto isso, a BR continua como uma colcha de retalhos.

Ontem, foi a vez do atual governo incluir a rodovia no seu discurso oficial. Conforme o ministro Renan Filho, dos Transportes, a BR-116 passa a constar no pacote de investimentos dos primeiros cem dias da gestão de Lula. Nesse período, a ideia é que ao menos parte dos trechos incompletos ou sequer iniciados tenham obras aceleradas e mais alguns quilômetros sejam entregues. Ontem não foram dados detalhes sobre isso na apresentação do governo, mas informalmente se fala em algo em torno de 15 quilômetros finalizados até abril. Acontecendo isso, o percentual duplicado passaria a ser de 73%. Ainda é pouco. Contudo, de alguma forma serve para renovar a esperança de que em breve as comunidades da Zona Sul - e o Estado inteiro - possam ver a BR-116 plenamente duplicada. Algo que já deveria ser realidade há pelo menos seis ou sete anos, não fosse a mistura de burocracia e incompetência que, misturadas à politicagem de iniciar outras obras antes de terminar as em andamento, travam o desenvolvimento gaúcho e comprometem a segurança de milhares de motoristas diariamente.

Cento e vinte e cinco meses. Três mil, oitocentos e quatro dias. Quase dez anos e meio. E contando.​

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